segunda-feira, 30 de março de 2009

Já não há vergonha?


Com a experiência de vida a acumular-se, com a sabedoria que mesmo sem querer vamos adquirindo, quer seja através da nossa dedicação para auto – alimentarmos o nosso conhecimento através da leitura, quer seja em consequência do que nos é bombardeado pela ‘caixa mágica’, ou até mesmo pelas pequenas ‘tertúlias’ da nossa rotina quotidiana, ou pelas inúmeras vivências, indubitavelmente passamos de uma forma, ou de outra, a ter opiniões mais generalistas, mas também mais vincadas no que diz respeito à sociedade que nos rodeia.
Num mundo cada vez mais próximo, menos distante, sem fronteiras, mais global, mas também mais disperso, mais arredado, mais cruel em termos de Humanismo, em termos de princípios éticos, moralistas, ou em termos de partilha e respeito pelo próximo…
Seria coerente, e mais do que conjecturável, encetarmos, diligenciarmos, ou dedicarmos os nossos esforços no alcance de uma meta sem limite para a prossecução da perfeição, enquanto Seres Humanos…enquanto Seres inteligíveis, onde os nossos valores intrínsecos de Bem, naturalmente disponíveis em todos nós, serviriam de ferramentas para obtenção de um mundo mais digno, de um mundo mais justo!
Não querendo opinar como fruto de uma visão limitada ou parcial, até porque se qualquer um de nós, parar por um simples minuto, se olhar em seu redor, nem que seja por um simples instante, constatará a forma egoísta como a nossa sociedade passou a viver…desde as mais pequenas circunstâncias do dia a dia, até à constante disputa pelo poder…vislumbrarão, com certeza uma sociedade, só e apenas a’ olhar unicamente o seu umbigo’, e pronto!
Será para muitos de vós uma visão demasiadamente radical, mas pior do que qualquer radicalismo, é apercebermo-nos que no cimo desta vasta lista de pessoas egoístas, estão os políticos deste país, figuras que contribuem mais do que ninguém para o descrédito, para o abismo em que cada vez mais está uma sociedade doente e ávida de clareza, de reconhecimento por si só, e de justiça!
Se olharmos para a história política deste país, não será difícil observar que antes da implantação da Democracia, o descrédito pelas Instituições era…sabiam os nossos antepassados, consequência do Regime ‘Salazarista’…onde as oportunidades destinavam-se a um número restrito da sociedade, onde apenas alguns tinham o ‘privilégio’ de pensar e decidir…onde clareza significava – Uns são filhos de Deus e os outros são’ filhos da mãe’! Mas, ainda assim…os princípios de ética eram uma constante, a partilha e o respeito pelo próximo também!
Se comparado com o presente…naquele tempo, o Humanismo existia entre o povo que tão arduamente sofria…psicologicamente, as injustiças impostas pelas regras de um regime sem tréguas, nem compaixão pelo próximo. Hoje, e a cada dia que passa, cada vez mais me convenço, que apesar do desenvolvimento, apesar da igualdade de oportunidades, apesar de tudo o que de bom trouxe a Democracia…continuamos a assistir a cenas próprias do quero, posso e mando!
Será que vale a pena dedicarmos a nossa integridade, enquanto pessoas para a tal sociedade justa e digna que eu acima refiro?
Quando olhamos à nossa volta, e continuamos a ver pessoas contempladas com empregos, com cargos, com promoções…para já não falar dos indivíduos que se auto-proclamam de políticos independentes, e que num abrir e fechar de olhos, ora são de um, ora são de outro…e para cúmulo de tudo isto, são os próprios representantes das Instituições partidárias que preparam, que alimentam toda esta encenação!
Pior ainda, são estes mesmos líderes políticos que não reconhecem, ou não querem reconhecer o trabalho daqueles que têm opinião própria e que assumiram opinião publicamente…e são eles também, os líderes, que agora decidem…sem ouvir, e sem respeitar os que por eles deram a cara!
Mas, terei algo contra os independentes?
Claro que não…totalmente de acordo…até porque política não é o mesmo que ‘amor clubista’ …o mundo gira…e, não podemos ter ideias fixas…felizmente somos livres, no entanto…quem é que manda em sua casa??? Sou Eu??? Eu que acabei de entrar???
Se sou realmente profeta, não terei de prová-lo primeiro?
E nós sabemos como são os falsos profetas…ou os vulgo – Salvadores da Pátria! Os tais, que se dizem independentes…mas, capazes de comer o queijo do vizinho!
E alguns líderes em tempos…também, foram vítimas dos independentes – ‘minute made heroes’…’ show off politicians’…’false prophets’…o que entenderem chamá-los…
E o final da história…já sabem qual foi…E então, não haverá vergonha?

Paulo Ferro 30/03/2009

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